Grupo de Pesquisa Conexão VIX

Ecologias de Projeto: métodos e processos - Mestrado e Doutorado

Tópicos em Representação 2 - Modelagem Implícita - Graduação

DEPARTAMENTO DE ARQUITETURA E URBANISMO
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ARQUITETURA E URBANISMO
UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO (PPGAU/UFES).
EDIÇÃO 2025

Atualizado em 22/09/2025

Módulo 1 - Métodos

Ementa:

"Estudo de metodologias de análise e desenvolvimento de projeto via plataformas digitais a partir de um enfoque que leva em consideração a crescente e irreversível informatização do conhecimento, a mediação do pensamento arquitetônico por meio de sistemas, redes e plataformas digitais, além da prioridade por ações de caráter ambiental. Análise de conceitos e teorias articuladas com o pensamento complexo, sistemas baseados na natureza, código aberto, economia circular"

Objetivo Geral:

Oferecer um conjunto estruturado de conceitos, referências teóricas e exemplos do que pode ser considerada uma tendência atual do pensamento projetual: a combinação entre a crescente complexidade dos problemas de projeto, a urgência em enfrentar questões ecológicas e sustentáveis, e a necessidade de utilização de técnicas digitais em todas as etapas do projeto como instrumentos de análise e tomada de decisão. A combinação destes três fatores traz grandes desafios relacionados tanto aos métodos de projeto, ou seja, ao modo como é organizado e produzido o conhecimento projetual, com desdobramentos nos processos de projeto, ou seja, nos recursos tecnológicos que os arquitetos utilizam para dar visualidade às suas ideias.

Propomos aqui um conjunto de conhecimentos técnicos-científicos relacionados aos estudos de complexidade, aos processos de projeto digital e à geração de conhecimentos por caminhos colaborativos, aos quais denominamos ecologias de projetos (Rocha et al., 2019).

Objetivos Específicos:

. Situar o conceito de ecologia no âmbito dos estudos de complexidade; expor a importância do conceito de complexidade para o pensamento projetual, discutindo as alterações estruturais que vêm ocorrendo, remodelando os paradigmas da arquitetura, como por exemplo, a tomada de consciência por um pensamento projetual mais flexível e experimental, que reconhece os limites do pensamento clássico disciplinar por meio de novos métodos de interagir e colaborar;

. Aprofundar os estudos sobre a ecologia a partir de uma abordagem sistêmica e cibernética, que avança sobre o entendimento da relação entre seres vivos e ambiente natural a partir da formação de redes e sistemas artificiais interativos, constituindo uma nova forma de projeto baseado em ecologias cognitivas que, impulsionadas pelas plataformas digitais, geram desdobramentos significativos no pensamento criativo contemporâneo;

. Discutir o conceito de abertura nos processos criativos, analisando iniciativas como o Open Design, o movimento maker, obras de artistas e coletivos independentes, institutos de pesquisa, buscando entender como eles assimilam a circularidade do conhecimento e como aplicam em seus projetos.

. Propor e discutir ações de caráter ambiental na arquitetura, abordando conceitos como a circularidade, sustentabilidade na arquitetura, novas cadeias produtivas, métodos de baixa emissão de carbono, soluções em madeira e materiais ecológicos;

Metodologia:

Módulo de caráter teórico, presencial, organizado em uma estrutura de aprofundamento gradativo, com suporte didático em plataformas digitais. A carga teórica serão apresentada em aulas expositivas, seminários em grupo, leituras orientadas, debates e apresentações de trabalho. A produção dos alunos envolverá preparo de apresentações PowerPoint, redação de textos e exposições orais.

Atividades a serem desenvolvidas:

. Texto-Ensaio: seguir as orientações presentes no templateArtigo

. Seminário/Apresentação FASE1: seguir as orientações presentes do RoteiroProjeto

Módulo 2 - Processos

Ementa:

"Estudo de processos de análise e desenvolvimento de projetos por meio da modelagem digital condicional em 3D com suporte de programação gráfica paramétrica e BIM voltadas para simulação de performance e fabricação. Estudo dos softwares Revit, Rhinoceros, Grasshopper, plataformas de preparo de arquivos para impressão 3d, vetorização destinada a corte a laser. Abordagem exploratória dos conceitos de customização em massa, código-aberto na arquitetura, otimização topológica, biomimética, circularidade e sustentabilidade construtiva."

Objetivo Geral:

. Oferecer um conjunto estruturado de conceitos e recursos digitais avançados que ampliam as possibilidades criativas e o repertório de técnicas de modelagem tridimensional para o desenvolvimento de projetos de arquitetura. Discutir estratégias de enfrentamento dos complexos desafios de projeto atuais como a necessidade de incorporação de processos de controle numérico em todas as etapas do projeto (concepção, adaptação e suporte à fabricação), associada à urgência em enfrentar questões de caráter ambiental e ecológico;

Objetivos Específicos:

. Estudar os fundamentos dos processos de fabricação digital por impressão 3D, corte a laser, e desenvolver projetos experimentais por meio de plataformas paramétricas, BIM e com suporte de IA, com o objetivo de gerar soluções inovadoras e articuladas com situações reais atuais;

. Introduzir conceitos, referências teóricas, exemplos práticos e projetos que reflitam tendências contemporâneas de investigação em sistemas mediados por tecnologias digitais;

. Instrumentalizar os alunos em processos file.to.factory (da geração da modelagem digital à fabricação), que permitam a compreensão de relações topológicas, algorítmicas, paramétricas e tectônicas na produção do projeto de arquitetura;

. Capacitar os alunos para uma abordagem diferenciada do Grasshopper, visando a produção de sentido crítico e investigativo no contexto do design arquitetônico, explorando o software de modo experimental e centrado na inovação;

Metodologia:

. Módulo de caráter prático, presencial, organizado em uma estrutura de aprofundamento gradativo, com suporte didático em plataformas digitais. As aulas práticas serão realizadas em sala de aula e no laboratório de pesquisa Conexão e incluirão produção de maquetes, protótipos, sites de internet, diagramas, desenhos técnicos e conceituais, modelos 3D, animações, manipulação de equipamentos de fabricação digital por impressão 3D e corte a laser. As aulas terão uma introdução dedicada à apresentação de ideias, conceitos e possíveis aplicações da tecnologia digital no campo da arquitetura e urbanismo, e serão seguidas de exercícios de desenvolvimento de projetos em plataforma paramétrica.

Atividades a serem desenvolvidas:

. Seminário/Apresentação FASES 2 E 3: seguir as orientações presentes do Roteiro Projeto

. Maquete digital e Física do Projeto

Critérios de Avaliação para os Módulos 1 e 2

Os critérios de avaliação da disciplina serão aplicados a todas as produções realizadas pelos alunos no decorrer do semestre, incluindo conteúdo produzido para realização do seminário teórico e conteúdo produzido para a parte prática. Os critérios serão os seguintes:

1) Conteúdo e fundamentação teórica: profundidade e atualização das informações, entendimento e aplicação dos conceitos, capacidade de análise e síntese, utilização correta da terminologia científica, adequação da bibliografia, capacidade de tecer relações entre os temas;

2) Estruturação do trabalho: sequência lógica, coerência, identificação e posicionamento do problema enfrentado, relevância, contextualização; coerência no uso de argumentos, uso de metodologia adequada, análise dos resultados, formulação de conclusões;

3) Apresentação: estratégias de comunicação, correção e clareza na linguagem, uso adequado de recursos gráficos, diversidade de recursos para transmissão das ideias, informações, exposição do trabalho.

Cronograma:

M1 - Aula 01
. Ecologias de Projeto - conceitos norteadores
Temas: distinções entre métodos e processos, ecologias cognitivas, tecnologias da inteligência, ecosofia, ecologia de redes computacionais, ecologia de mídias, sistemas e ecossistemas
Material complementar: Ecologias de Projeto (vídeo), Ecologias da Mente por Gregory Bateson (vídeo), Piseagrama
Apresentação do Exercício Prático: Eco-Design

M1 - Aula 02
. Os Estudos de Complexidade - implicações para a prática criativa contemporânea
Temas: pensamento da complexidade, problemas complexos, a codificação do conhecimento, códigos na arquitetura, demandas da complexidade (adaptar, programar, hibridizar), a inteligência da complexidade.
Material Complementar: Visual Complexity, Moebio Labs - Santiago Ortiz, Barabasi

M1 - Aula 03
Abertura nos Processos Criativos - na arte, design, arquitetura e urbanismo
Temas: O conceito de abertura nas práticas criativas (níveis de abertura), a obra-aberta, interatividade, a cultura da espontaneidade, o conceito de híbrido nas práticas criativas (reapropriação, adaptação, integração).

M1 - Aula 04
Open Design e Redes de Arquitetura - compartilhamento e democratização
Temas: O universo maker e a cultura contemporânea de projeto, DIY, DIWO, learning-by-doing, reflexão-em-ação, o conceito de Open Design, produção por pares, metodologias/epistemologias abertas, improvisação, hacking the city.
Material complementar: Sistema Wikihouse (vídeo), Wikihouse Sr. Manoel (video), Wikihouse pelo Prof. Augusto Alvarenga (UFES) (Vídeo)

M1 - Aula 05
Agenciamento e ativismo construtivo
Temas: O agenciamento do espaço, coletivos de arquitetura, táticas de ativação espacial.

M1- Aula 06
Economia Circular – do vernáculo ao contemporâneo (insert PPTX)
Temas: sustentabilidade x resiliência, construção sustentável, materiais reciclados, reutilização de recursos e resíduos, princípios ecológicos vernaculares, ciclo de vida.

M1 - Aula 07
Seminário Fase 1

M2 - Aula 01
Experimentações generativas - Superfícies Paramétricas, Superfícies Complexas, Sólidos Complexos
Temas: (Retículas e Tramas), modelagem generativa no Grasshopper, processos de fatiamento (slicing), dobraduras (folding), aninhamento (nesting), impressão em 3D e lasercutting
Material Complementar: Processos paramétricos - inclui tutorial voronoi (Vídeo)

M2 - Aula 02
Impressão 3d em grande escala – conceitos, protótipos e aplicações

M2 - Aula 03
Biomimética - Architettura e Natura e Morfologias celulares
Temas: sistemas bioinspirados, sistemas naturais x sistemas artificiais, inteligências artificiais, sistemas responsivos e interativos, padrões da natureza. Estruturas aeradas, Biomimética, Design biofílico, Sólidos celulares.
Material complementar: Girassol Digital (vídeo), Impressão 3d de formas da natureza (vídeo)

M2 - Aula 04
Sistemas de Construcción Ligera Bioinspirados: aplicaciones para impresión 3D y corte por láser
Temas: Demandas ecológicas, conceitos de inovação, inteligências de projeto bioinspirado
(vídeo)

M2 - Aula 05
Inteligência Artificial e seus usos na arquitetura
Temas: (text to video AI)

M2 - Aula 06
Seminário de FASE 2: Eco-Design – Propor + Modelar

M2 - Aula 07
Aula Expositiva: Temática a definir (convidado)
Temas: a definir

M2 - Aula 08
Seminário de ETAPA 3: Eco-Design – analisar + comunicar

Bibliografia:

. ALLEN, S. Condições de campo. In: SYKES, K. A. (Ed.). O campo ampliado da arquitetura: Antologia teórica 1993-2009. São Paulo: Cosac Naify, 2013. p. 242-251.
. ATHIÉ, K.; ROCHA, B. Sentidos que emergem do fenômeno cidades inteligente. São Paulo: Blucher, 2018. p. 434-441. ISSN 2318-6968, DOI 10.5151/sigradi2018-1405.
. AWAN, N.; SCHNEIDER, T.; TILL, J. Spatial Agency: Other Ways of Doing Architecture. New York: Routledge, 2011.
. BASURAMA. RUS: Proyecto Residuos Urbanos Sólidos. Arquitectura Viva: Colectivos Españoles, n.45, p. 62-65, 2012.
. BENYUS, J. M. Biomimética: Inovação inspirada pela natureza. 1ª ed. São Paulo: Editora Cultrix, 2003.
. COSTA, C. Z. Além das Formas: introdução ao pensamento contemporâneo no design, nas artes e na arquitetura. São Paulo: Annablume, 2010.
. FLUSSER, V. O mundo codificado: por uma filosofia do design e da comunicação. São Paulo: Cosac Naify, 2007.
. FRANCO, F. M. Contrários e complementares. In: ROSA, M. L. (Ed.). Micro Planejamento: Práticas Urbanas Criativas. São Paulo: Ed. de Cultura, 2011. p. 136-140.
. GERSHENFIELD, N. How to make almost everything. The digital fabrication revolution. Foreign Affairs, V.91, n. 6, 2012.
. GREENFIELD, A. Radical Technologies: the design of everyday life. Brooklyn, NY: Verso, 2017.
. GUATTARI, Felix. As três ecologias. São Paulo, Papirus, 2012.
. LÉVY, P. Cibercultura. São Paulo: Ed. 34, 1999.
. LÉVY, P. As Tecnologias da Inteligência: o futuro do pensamento na era da informática. Rio de Janeiro: Ed. 34, 1993.
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. MONTANER, J. M. Do Diagrama às experiências, rumo a uma arquitetura de ação. Barcelona: Gustavo Gili, 2017.
. MORIN, E. Introdução ao pensamento complexo. Porto Alegre: Sulina, 2011.
. MORIN, E.; MOIGNE, J. L. A inteligência da complexidade. São Paulo: Peirópolis, 2000
. PARENTE, A. (Ed.) Tramas da rede: novas dimensões filosóficas, estéticas e políticas da comunicação. Porto Alegre: Sulina, 2010. p. 64-79.
. ROCHA, B.M. Cidade e complexidade: reflexões sobre a prática do projeto contemporâneo. Oculum Ensaios, v.1, n.1, p.xx-xx, 2018.
. ROCHA, B. M. Do it yourself e improviso: por uma outra epistemologia da projetação. V!RUS, São Carlos, n. 10, 2015. [online] Disponível em:
<http://www.nomads.usp.br/virus/virus10/?sec=4&item=2&lang=pt>.
. ROCHA, B. M. ; BOLSSONI, G. ; BUSSOLOTI, V. Ecologias de Projeto: métodos e processos em arquitetura digital. In: 9 Fórum de Pesquisa Mackenzie, 2019, São Paulo. Anais do 9 Fórum de Pesquisa Mackenzie - Projeto e Processos em Tempos de Transição, 2019.
. ROCHA, B. M. Novos olhares e desafios na epistemologia projetual. Revista Pós. V.23, N.39, São Paulo, FAU/USP, Junho de 2016.
. ROCHA, B.; CELESTINO, R.; SILVA, K.; GALIMBERTI, I. Digital Sunflower: the potential of ecooriented responsivity in the design process, p. 918-923 . In: Congreso SIGraDi 2020. São Paulo: Blucher, 2020.
. SENNETT, Richard. O Artífice. Rio de Janeiro: Ed. Record, 2012.
. SPEAKS, M. Inteligência de Projeto. In: SYKES, K. (Ed.). O campo ampliado da arquitetura: antologia teórica 1993-2009. São Paulo: Cosac Naify, 2002. p. 156-164.
. THACKARA, John. Into The Open. In: VAN ABEL, B. et al. Open Design Now: Why Design Cannot Remain Exclusive. Amsterdam: BIS publishers, 2011. p. 42-45.
. VENTURI, R. Complexidade e contradição em arquitetura. São Paulo: Martins Fontes, 2004.