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A ARQUITETURA ROMANA

Bruno Massara Rocha

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Localizadas nas colinas do Palatino, ponto estratégico no Mar Mediterrâneo, as aldeias de Esquilino, Célio e Aventino deram origem a Roma - ou cidade das sete colinas. Dentro de sua tradição eminentemente conquistadora, por volta de 117 d.C. toda a costa do Mediterrâneo foi conquistada pelos povos latinos. Enquanto a religião grega viam nos deuses manifestações poéticas abstratas, os romanos os viam poderosos e vingativos, e eram adeptos dos sacrifícios. Os edifícios deixam de lado parte do caráter puramente espiritual para se tornarem elementos mais materiais, de uso do povo.

As tipologias arquitetônicas encontradas podiam ser definidas por: termas - casas de banho com requintes de conforto, constituídos por dois edifícios, um balneário (banhos individuais, reservatórios de água, academia, salas de conferência, palestras, ginásios.) e o outro, um peristilo descoberto, sala de massagens, perfumes, etc). Nas áreas externas, piscinas de água morna construídas em mármore. No interior de grandes conjuntos, como por exemplo os edifícios termais, o equilíbrio estrutural se baseia principalmente na eliminação dos esforços diante da compensação mútua sobre as paredes interiores. No perímetro das edificações ocorre a solução dos contrafortes, que podem ser externos, como vai acontecer mais tarde no Gótico ou internos como era mais comum; os teatros: que teve uma evolução formal se tornando um anfiteatro. A experiência no uso de arcos e abóbadas e a experiência prática no uso do concreto, habilitaram os romanos executarem nunca construções antes vistas. A diferença essencial entre o teatro grego e o romano é o fato do último não conter nenhum caráter religioso. Possuía uma tribuna mais larga e a orquestra era ocupada pelo povo. Enquanto o teatro grego era constituído nas encostas, o teatro romano independia das encostas. Utilizavam filas superpostas de arcos construídas de concreto para servir como encosta, na qual assentavam o auditório. Os teatros poderiam ser assim executados em qualquer lugar. Deram uma aparência de maior unidade aos espaços, enxergando o teatro como uma só edificação. Com exceção das peças teatrais, outros divertimentos não tinham a necessidade de serem vistas de um ponto de vista específica. De fato, eram vista igualmente bem de qualquer ponto à volta. A partir daí criaram uma forma arquitetônica para se ajustar a essa necessidade: dois teatros colocados de costas com as paredes intervenientes removidas, resultando em uma arena oval encaixada em um oval de assentos dispostos em filas escalonadas - o anfiteatro, locais de combate entre gladiadores e feras, possuíam uma pista elíptica cercada por degraus. Podiam abrigar 60000 pessoas como pro exemplo o coliseu. Ele possuía arcadas do exterior repletas de esculturas. No andar inferior, meias colunas dóricas adossadas sustentam uma arquitrave também adossada, no segundo andar meias colunas jônicas adossadas e no terceiro, meias colunas coríntias adossadas. Outra edificação comum eram os circos, onde eram realizadas corridas de carros numa pista retilínea dividida ao centro, com arquibancadas dispostas paralelamente. No que tange ao urbanismo, construíram estradas, aquedutos, pontes e redes de esgoto. A legião romana construiu estradas ligando-se à Espanha, Grécia, Gália e Danúbio.

Quanto aos templos, o templo romano difere do grego pela profundidade do pórtico e a freqüência de plantas, ostentando a forma circular. O templo romano precedente etrusco, construídos sobre um elevado pódio, acessível por um lance de escadas. Dos templos circulares eram conhecidos o Panteon no qual o arquiteto baseou-se nas antigas tradições, técnicas e materiais romanos para construir algo novo. A altura da cúpula é o diâmetro da base, um grande hemisfério assentado sobre um tambor. Os romanos já tinham acumulado a técnica da construção de abóbadas, cúpulas e zimbórios. Os arcos são construídos em forma de cunha, de modo a se estabilizar ao ser colocada a última peça. Um arco no qual que se imprime um giro de 360 graus se transforma num domo ou zimbório e é construído com a ajuda de uma armação de madeira. O zimbório do Panteão não necessita de chave porque é feito de concreto. A forma final só foi possível através do domínio que se tinha do concreto.

Quanto à tecnologia construtiva, os romanos se aproveitavam das boas soluções adotadas em outras regiões. Utilizaram as abóbadas de berço com chave etruscas, assim como as abóbadas de aresta (interseção de arestas), a alvenaria de pedra seca aparelhada sem rejuntamento de argamassa e ainda desenvolveram o concreto.

Devido à tradição conquistadora e a dominadora, os arquitetos se preocupavam com o transitório e econômico. Com isso se deu o desenvolvimento da concreção, um método construtivo que possibilitava a construção de muros de grande espessura tendo a preocupação com o desperdício de mão de obra e tempo na construção em pedra aparelhada somente. A solução construtiva consistia em dois muros delgados construídos paralelamente, preenchidos com argamassa de saibro ou areia e cimento vulcânico denominado pozzolna. A técnica do concreto foi primeiramente utilizada em II a.C. Era barato, forte, maleável e podia ser utilizado em projetos grandiosos. No Santuário da Deusa Fortuna em Prenestes, a encosta da colina foi transformada em um complexo arquitetônico. Para a sua execução faziam-se duas paredes baixas, acima do solo de tijolos com argamassa e abaixo com fôrmas de madeira. O espaço era preenchido com pedra britada conhecida como agregado. Depois disso vinha a inserção do concreto líquido sobre e entre as pedras ligando-se à argamassa e endurecendo. Logo após esse processo reiniciava-se a partir daquela altura. À medida que o edifício crescia a constituição do agregado modificava-se, pedras pesadas eram utilizadas na base e outras mais leves por cima. Materiais muito leves como pedra pomes eram utilizados como agregado nos zimbórios, para o qual um cimbre circular de madeira era utilizado. Como eles utilizavam tijolos pequenos, podiam executar paredes curvas. O concreto recebia formas independentes.

Os telhados romanos também se diferenciavam dos telhados gregos, onde todas as peças eram trabalhadas somente sob o esforço de compressão. Os romanos inauguram a tesoura moderna, criada a partir de um triângulo indeformável, onde a linha é tracionada e o pendural trabalha flutuando, ou retesado na linha como a corda de um arco. O resultado estrutural era uma solução de estabilidade que permitiu a construção de vãos livres de 20 metros como a Basílica de Trajano e outras pontes. Eventualmente é possível identificar elementos metálicos isolados como grampos e peças menores auxiliando a estabilidade estrutural ou funcionando como elementos de ligação entre blocos de pedra, conforme relatos das construções da Basílica Ulpiana e do pórtico do Panteon.

As arcadas se desenvolvem a partir do cruzamento do coluna grega com o arco etrusco. No seu funcionamento os pés dos arcos não se apoiam na coluna, mas em pilastras menores que fazem as vezes das escoras para a coluna de sustentação que, por sua vez, se ergue acima da chave do arco, para receber a arquitrave, o friso e a cornija. A coluna, em razão da espessura da parede da arcada, passa a ser uma pilastra, por possuir sua metade embutida.

Animados pelo sucesso da concreção e da grossura dos muros, surge a idéia natural de superposição de pavimentos, solução quase que compulsória para esse tipo de sistema estrutural. E assim foram superpondo dois e três pavimentos, que se separavam horizontalmente por um estilobata. A ordem toscana era aplicada no térreo, a jônica no centro e no mais elevado a coríntia. As ordens romanas também incluíam a Toscana, uma variação da ordem dórica porém mais esguia, com base e sem friso. A Coríntia era mais utilizada pelos romanos, e foi transformada em paradigma: modelo de majestade e imponência. Os reforços na coluna eram chamados "motivos de ângulo", disfarçados em esculturas de animais. A chamada entasis, ou correções de ótica, é tratada displicentemente, não obedecendo os rigores do modelo grego. O capitel também sofreu várias transformações plásticas, variações temáticas da proporção, natureza e disposição das folhas que se variam entre o acanto, a oliva, florões. Não satisfeitos desenvolvem o modelo composto denominado Compósito.

A casa romana possuía uma planta rigorosa e invariável. Dotada de um forte eixo central tinham a entrada situada no centro da fachada, onde sempre um lado menor de um retângulo conduzia ao átrio (grande espaço central com abertura retangular por onde entrava luz e ar - onde também se coletava a água (implúvio ligado a uma cisterna subterrânea). Situado na face oposta da entrada havia o tablinto, cômodo principal da casa. Sua disposição era basicamente simétrica. Os romanos incorporaram uma série de elementos das casas gregas como os peristilos

Um dos personagens mais importantes no cenário da filosofia construtiva foi Vitruvio. Marco Vitruvio Polion, nasce por volta do ano 70a.C. em Verona. Sua profissão era arquiteto que eqüivale segundo os conceitos de época engenheiro e mecânico. Foi nomeado mais tarde para o alto cargo de arquiteto militar do imperador Augusto. Desenvolveu a obra intitulada "De architectura libri decem", dedicada ao imperador. É o único tratado da antigüidade a ter chegado até nós. Nele se encontravam normas para se projetar uma cidade. As muralhas não devem se traçar segundo ângulo salientes ou quadrados, e sim arredondadas, o que permite ver o inimigo de todos os pontos. A defesa de um reduto quadrado é mais difícil, porque os vértices protegem mais o inimigo e os assaltantes do que os habitantes e defensores da cidade. Uma vez fortificada a cidade, devem-se traçar as parcelas ocupadas pelas casas, ruas e passeios, tendo em conta a referência do clima. Elas estarão bem traçadas se se preocupa em não estarem alinhadas as ruas principais com os ventos dominantes. Os ventos frios desgradam, os quentes enervam e os carregados de umidade causam enfermidades. A composição das construções: o desenho do templo deve obedecer ã simetria, cujas leis o arquiteto deve observar rigorosamente. A simetria depende por sua vez da Proporção que é a correspondência nas medidas das distintas partes do todo com a parte que se toma como norma. Sem proporção e simetria não haveriam leis segundo as quais traçar os planos do templo, como se não houvesse relações entre os seus elementos como ocorre com os membros do corpo humano.

Enquanto que nos monumentos gregos toda a construção era de pedra aparelhada, nos romanos podemos encontrar três tipologias diferentes que se unem de diversas formas: a arquitetura das massas de paredes, das pedras empilhadas e dos revestimentos com lajes. A primeira é essencialmente romana. A segunda deriva de sua tradição, respondendo aos materiais e aos lugares, em parte da arquitetura grega e etrusca, unidas entre si por muitos vínculos.

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Referências Bibliográficas:

. JANSON,H. W. Arquitetura Grega e Romana. São Paulo: Martins Fontes, 1997. Capitulo – Arquitetura (168-184)
. CARVALHO, Benjamin . A História da Arquitetura. Edições de Ouro. s/d
. HISTÓRIA GERAL DA ARTE - ARQUITETURA I,II,III,IV,V,VI . ediciones del Prado. tradução: LETRAS, S, 1995
. MUMFORD, Lewis. A Cidade na História. Ed. Martin Fontes.